Eu odeio NETFLIX
O que fazer neste feriadão? Quem optou por não viajar , vai ficar em casa e não quer saber só de futebol, tem muita opção nos streams, mas o que assistir?
PENSAMENTOS
Carlos Patrocinio
6/19/20253 min read
Com o feriadão que se inicia hoje, muita gente viaja, mas outros tantos preferem passeios locais ou maratonas nas telinhas. Com isso, lembrei de um pensamento que publiquei no Facebook em 19/08/2018, que reli hoje e me pareceu bem atual — e ainda coincidiu de hoje também ser dia 19. Portanto, boa leitura e boa escolha!
Eu odeio a Netflix.
Esta semana, li no Face uma publicação que ilustrava uma frase que dizia: “Levo três horas para escolher um filme para dormir com 20 minutos assistindo.”
São zilhões de horas de conteúdo — filmes, séries e outros tipos de vídeos —, o que me parece inimaginável que uma única pessoa consiga assistir a tudo (não apenas nesta vida!). Garimpar o que assistir também é um exercício legal, assim como ler os breves resumos ou assistir aos trailers curtíssimos na página principal (não é em todos os dispositivos que dá pra ver).
Para os amantes de séries, é possível aproveitar qualquer minutinho em que estamos sem fazer nada (metrô, trem, ônibus, de carona no carro, dirigindo no engarrafamento... rs). O importante é ter sinal de internet.
Quando não temos sinal, é possível fazer o download de alguns conteúdos, para levar no bolso em smartphones ou tablets (para quem tem coragem de fazer isso no transporte público).
Na Netflix, encontramos conteúdo para todos os gostos: séries excelentes, outras nem tanto, muito lixo, alguns best-sellers ou blockbusters. Todo esse arsenal veio suprir a lacuna deixada pelas antigas locadoras. Eram lojas físicas que alugavam filmes, séries e outros conteúdos (com ambientes separados para os títulos “educativos”) e, em muitos casos, jogos de videogame.
No início, a mídia utilizada para o aluguel dos filmes era a fita cassete (VHS ou Betamax) e logo foi migrando para o DVD.
Com o advento do streaming de vídeo, as locadoras foram sumindo e essa demanda migrou para a internet. Com isso, os problemas de esquecer de devolver o vídeo ou de rebobinar a fita acabaram.
Com o crescimento das locadoras virtuais, houve um grande aumento no número de títulos disponíveis e na qualidade das mídias (agora a fita não enrosca mais no videocassete e nem há mais a necessidade de limpar os cabeçotes... rs).
O que não mudou foi o tempo que gastamos para escolher o que assistir. O que antes era traduzido como longas caminhadas através dos corredores repletos de fitas e CDs agora foi substituído por intermináveis cliques no controle ou deslizar dos dedos na tela, em busca do título perfeito para determinado momento.
O que não mudou foi o comportamento do seu cônjuge, que cai no sono cinco minutos depois que você deu play.
Toda essa evolução tecnológica não mudou muito o objetivo final, que é o entretenimento, mas criou uma nova categoria de traição entre os casais: a traição virtual.
Não estou aqui falando daquela conversa secreta com alguém no WhatsApp (MSN, Skype, ICQ ou outro).
Não estou aqui falando daquele perfil secreto no Facebook, Orkut ou outra rede social.
Não estou aqui falando do Tinder, Paquera ou outro aplicativo de relacionamento.
Falo daquele momento em que você anseia por assistir ao mais esperado episódio da sua série favorita, que você acompanha desde o início com seu par. No momento em que a trajetória dos personagens chega ao seu clímax e a verdade será revelada, você descobre que seu parceiro ou parceira te traiu e assistiu sem você.
A Netflix criou uma nova forma de dependência (se já não bastasse o álcool, o jogo e as drogas): o vício em séries. Quem nunca ficou frustrado ao final de uma temporada, quando uma situação inusitada acontece e o desenrolar será conhecido somente meses depois?
Que atire a primeira pedra quem não enfartou com o que acontece com os personagens principais de Grey’s Anatomy no final da quarta temporada ou com a Emily no último episódio da segunda temporada de Revenge.
Que atire a primeira pedra quem nunca parou para rever o mesmo episódio de Friends várias e várias vezes e deu as mesmas gargalhadas.
Por tudo isso, eu odeio amar a Netflix.